sábado, 7 de junho de 2025

O Rapaz do Jardim

O Rapaz do Jardim Na terra estranha e fria Que o vento norte varre, De ferro atravessado— Três balas pelo peito—, Jaz quieto, e não fala. Mancha-lhe a farda o barro. De mãos sobre o ventre, Moreno, magro, pálido, Mira com vista turva E muda o céu distante. Tão novo! Que novo era! (que anos teria agora?) Filho querido, o pai lhe dera O ofício e a promessa: «O rapaz do jardim.» Escapa-lhe do bolso A medalha pequena. Deu-lha o avô. Reluz ainda E santa a medalha. Ele é que já não reza. Do outro bolso, dobrada Com canto a tocar a terra, A fotografia amada De uma moça… beijou-a A irmã que ficou solteira. Lá longe, na horta, há quem espere: "Que torne são e salvo!" (Jogos que a guerra inventa!) Jaz morto e se desfaz

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