sábado, 3 de maio de 2025

Ânfora Sagrada

Ânfora Sagrada Sou a ânfora sagrada onde a vida, Em segredo, teceu sua alquimia. Em mim, a dor se fez mais que ferida: Converteu-se em amor e melodia. Que sabem os outros desta chama imensa Que me consome e ao mesmo tempo cria? Sou mulher-mãe, a e_terna recompensa De quem na solidão se perderia. Meu corpo, que foi templo de prazeres, Fez-se catedral de sacrifícios. Conheci o sabor de outros deveres, Mais doces que os mais doces artifícios. Sangrei em flor para que outro ser vivesse, Fiz-me inverno para que fosse estio. Minguei-me toda para que crescesse Quem de mim veio como veio o rio. Agora trago as noites nos meus olhos, As auroras nas pontas dos meus dedos. Não temo mais espinhos nem abrolhos, Guardei no peito os mais profundos segredos. Mãe! Palavra pequena e tão imensa Que nem o céu a pode comportar. Sou a dor, o cuidado, a presença De um amor que não cessa de sangrar. Marilândia

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