DIÁLOGO ENTRE ALMAS
Diálogo Entre Almas Voz Feminina Sou a que procura nas sombras do destino Um raio de sol que aqueça esta alma ferida, Sou a que sonha com um amor divino E chora em silêncio as dores da vida. Quem entenderá este abismo profundo Que carrego no peito como segredo? Este amor infinito, maior que o mundo, Este desejo intenso que me traz medo? Voz Masculina Te amo como se amam certas coisas escuras, Em segredo, entre sombra e alma. Te amo como a flor que não desabrocha Para guardar sua luz, íntima e calma. Não sei desde quando habitas meus sonhos, Como o sal habita o mar, como o fogo, a chama. Teus olhos são o céu que me contempla E teu nome, um suspiro que me inflama. Voz Feminina Meus olhos são dois lagos de tristeza, Refletindo estrelas que não posso alcançar. Meus lábios guardam versos sem beleza, Palavras que ninguém quer escutar. Sou a que caminha por veredas solitárias, Colhendo espinhos que ferem minhas mãos. Minhas lágrimas são preces involuntárias, E meu coração, um templo sem fiéis nem santos. Voz Masculina Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejeiras, Despertar em tua alma mil flores adormecidas. Quero navegar no mar tempestuoso de teu pranto E fazer de cada lágrima uma pérola escondida. Teu nome é um sino que ressoa em minha memória, Uma onda que quebra incessante em meu ser. Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde, Amo-te simplesmente, sem complexidade nem temor. Voz Feminina Quem sou eu? Um enigma sem resposta, Uma chama que se apaga ao amanhecer. Minha alma é um livro aberto na página errada, Um poema triste que ninguém quer ler. Mas se teu olhar encontra o meu por um instante, Renasço como fênix das próprias cinzas. Sou novamente mulher, amante e sonhadora, E meu coração, esse eterno vagabundo, descansa. Voz Masculina Entre teus braços a noite é uma constelação viva, Cada estrela um suspiro, cada suspiro um desejo. O universo inteiro cabe no espaço de um beijo, E a eternidade, no breve instante em que te olho dormir. Somos como duas árvores que entrelaçam suas raízes, Como dois rios que se encontram no mesmo mar. Não há solidão quando estamos juntos no silêncio, Não há abismo que nosso amor não possa transpor. Juntos Somos almas de papel escritas com tinta de saudade, Corações que sangram versos em vez de sangue. Somos poesia viva num mundo de prosa morta, Amantes eternos num tempo que tudo consome. E se um dia a morte vier nos separar, Nossos versos permanecerão entrelaçados, Como testemunho de um amor que transcendeu As fronteiras da carne, do tempo e do espaço. Pois o que é o amor senão poesia encarnada? E o que é a poesia senão amor em palavras? Marilândia
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