ELEGIA PARA UBALDO EVENTO DIA
ELEGIA PARA UBALDO Agora que o silêncio te abraça, irmão das letras, não são mais tuas mãos que escrevem no vento, são as folhas dos livros que sussurram teu nome, são as palavras órfãs que te procuram nas esquinas da memória. Ubaldo, guardião das histórias ancestrais, teu corpo retornou à terra baiana mas tua voz ainda ecoa nas ruas de Salvador, nas praias onde o mar lambe as pedras da saudade. Como contar agora as histórias que não contaste? Como tecer os fios que deixaste suspensos no ar? Tuas personagens vagam pelos corredores do tempo, buscando o abrigo de tua imaginação infinita. Na casa grande da literatura brasileira, teu quarto permanece aceso, eternamente habitado pelos sonhos que semeaste em cada página, pelos mistérios que decifraste em cada linha. Cavaleiro das letras, guerreiro da palavra, teu cavalo agora galopa nas estrelas do Recôncavo, mas os tambores de teus livros ainda ressoam no coração pulsante de tua Bahia amada. Não morreste, Ubaldo, transmutaste-te em história, em personagem de ti mesmo, em letra viva, em vento que sopra nas velas da memória, em mar que banha as praias da eternidade. Tuas palavras são agora pássaros migratórios que voam entre o céu e a terra dos homens, carregando nas asas a tinta de tua alma, semeando histórias nos campos do amanhã. E assim permaneces, imortal como tuas letras, eterno como as histórias que contaste, vivo como o sol que nasce em tua Bahia, presente como o ar que respiramos ao ler-te.
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