ARTE DE POETIZAR FERREIRA GULLAR (MINIBIO)
Mini Biografia de Ferreira Gullar: Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, nasceu em São Luís, Maranhão, em 10 de setembro de 1930, e faleceu em 4 de dezembro de 2016, no Rio de Janeiro. Foi um dos poetas mais importantes da literatura brasileira contemporânea, além de ensaísta, crítico de arte, dramaturgo e tradutor. Seu trabalho se destacou pela defesa da liberdade de expressão e pela denúncia das injustiças sociais. Durante a ditadura militar brasileira, Gullar foi perseguido e viveu no exílio. Em 1975, escreveu sua obra-prima, o "Poema Sujo", que é considerado um marco na literatura brasileira, marcado por uma linguagem intensa e visceral. Gullar foi membro da Academia Brasileira de Letras e recebeu inúmeros prêmios ao longo de sua carreira, incluindo o Prêmio Camões. Poema no Estilo de Cruz e Souza: Na noite sombria, no silêncio profundo, Cobre-me o véu de um luto escondido, No peito, o grito de um ser já perdido, No abismo das dores, vagueio sem mundo. Ó sombra pálida, de ébano vestida, Que arrasta a alma em vagares febris, Por entre o nevoeiro de angústias sutis, Espiral de lamentos, de luzes vencida. Nas asas da treva, meu sonho desliza, No voo errante de um pássaro aflito, Pelas brumas da vida, meu ser se exorciza. Eis que sou pó, na poeira do infinito, A essência da dor em versos agoniza, No esplendor do nada, meu canto maldito. ARTE DE POETIZAR FERREIRA GULLAR A arte de poetizar de Ferreira Gullar é marcada por uma intensa busca pela verdade e pelo enfrentamento das questões existenciais e sociais. Ele foi um poeta que não se acomodou em formas tradicionais, e sua obra reflete um constante diálogo entre a vida, a linguagem e a história. Alguns dos principais aspectos de sua arte de poetizar incluem: Engajamento Social e Político: Gullar utilizou a poesia como uma ferramenta de resistência e denúncia. Ele acreditava que o poeta não poderia se manter alheio às injustiças sociais e políticas de seu tempo. Isso é evidente em obras como o "Poema Sujo", onde ele aborda, de forma visceral e intensa, a opressão e a realidade brutal do Brasil sob a ditadura militar. Experimentação Formal: Embora Ferreira Gullar tenha iniciado sua carreira influenciado pelo modernismo e pelo concretismo, ele rapidamente se afastou dessas escolas para buscar uma linguagem própria. Sua poesia é marcada por uma liberdade formal, onde o verso livre predomina, e a forma está a serviço do conteúdo. Ele não se prendeu a formas fixas, preferindo explorar o ritmo e a sonoridade da língua para expressar suas ideias. Linguagem Direta e Emotiva: A poesia de Gullar é caracterizada por uma linguagem direta, muitas vezes coloquial, mas carregada de emoção. Ele era capaz de tratar de temas complexos e profundos de maneira acessível, sem perder a densidade poética. Seus versos transmitem uma força emocional que atinge o leitor de maneira imediata. Poética da Memória e do Cotidiano: A memória é um tema recorrente na obra de Gullar. Ele frequentemente revisita suas próprias experiências e lembranças, especialmente de sua infância em São Luís, para refletir sobre o presente. Além disso, Gullar valorizava o cotidiano, encontrando no dia a dia as matérias-primas para sua poesia. Metapoesia e Reflexão sobre a Linguagem: Ferreira Gullar também explorou a metapoesia, ou seja, a poesia sobre a própria poesia. Ele refletia sobre o ato de escrever, sobre as possibilidades e limitações da linguagem, questionando como as palavras podem (ou não) apreender a realidade. Universalidade e Particularidade: Embora profundamente enraizado na realidade brasileira, o trabalho de Gullar alcança uma universalidade que toca em temas humanos universais, como a morte, o amor, o sofrimento e a esperança. Sua poesia, ao mesmo tempo em que é extremamente pessoal, ressoa com questões que são comuns a toda a humanidade. Ferreira Gullar transformou suas experiências pessoais e sociais em uma obra que dialoga com a história e a cultura do Brasil, mas que também transcende fronteiras e fala ao coração de leitores de todo o mundo. Sua poesia é um testemunho da capacidade da arte de resistir, de transformar e de transcender.
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