ÓDIO?/ INDIFERENÇA!
ÓDIO?// INDIFERENÇA! Ódio por ele? Não... Se o amei tanto,// Nem ódio, nem rancor! Tanto amei esse dócil amante, Se tanto bem lhe quis no meu passado,// Figurando-lhe n'alma clarões eternais, Se o encontrei depois de o ter sonhado,// Sob a dolência de sonhar estonteante, Se à vida assim roubei todo o encanto,// Sob o manto de desejos e pecados cruciais, Que importa se mentiu? E se hoje o pranto// A escapar, vacilante? E, jazendo agora sob cenário decrépito Turva o meu triste olhar, marmorizado,// Que rasga de alto a baixo o in_finito, Olhar de monja, trágico, gelado// Galgando a solitária dor em in_quieta amargura Com um soturno e enorme Campo Santo!// Aquele que o infortúnio desfigura! Nunca mais o amar já é bastante!// Levo-o desfalecido até à morte! Quero senti-lo doutra, bem distante,// No meu fundo mais tenebroso, Como se fora meu, calma e serena!// E num pensamento asqueroso! Ódio seria em mim saudade infinda,// Morta na flores das singelas castidades, Mágoa de o ter perdido, amor ainda!// Nas tredas convulsões de sonoridades! Ódio por Ele? Não... não vale a pena...// Inda que num simbólico, alegórico transporte! Florbela Espanca// Marilândia Marques Rollo
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