sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

DIZERES ÍNTIMOS// PALAVRAS VELADAS

DIZERES ÍNTIMOS// PALAVRAS VELADAS É tão triste morrer na minha idade!// Lacrimejam os anjos e os querubins! E vou ver os meus olhos, penitentes// Que pareço copiar de espectros renitentes Vestidinhos de roxo, como crentes// Levados por indizíveis pensamentos, tão dementes, Do soturno convento da Saudade!// No qual sempre os humanos absorvem os enfins! E logo vou olhar (com que ansiedade! ...)// Antes de adormecer(trêmula e embriagada!...) As minhas mãos esguias, languescentes,// Sob febris lembranças, murmurejantes, De brancos dedos, uns bebês doentes// Em vibradoras, flébeis dores latejantes Que hão-de morrer em plena mocidade// Fazendo sonhar a Eternidade,já subjugada! E ser-se novo é ter-se o Paraíso,// Condensados nos acordes de uma lira É ter-se a estrada larga, ao sol, florida,// Dentre os divinos, embriagadores clarões, Aonde tudo é luz e graça e riso!// Tomando o teu amor por mira! E os meus vinte e três anos ... (Sou tão nova!)// Sorrindo,cantando e reiventando, Dizem baixinho a rir: “Que linda a vida! ...”// A embelezar as austeras amplidões... Responde a minha Dor: “Que linda a cova!”// Porém, na contemplacão da fria campa,(des)encantando! Florbela Espanca// Marilândia Marques Rollo

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