sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

LANGUIDEZ// EM DESVARIO (DUETO DE MARI EM VERSOS DE FLORBELA)













LANGUIDEZ// EM DESVARIO

Tardes da minha terra, doce encanto,// Que me inunda a alma de claridade,
Tardes duma pureza de açucenas,//  Na rede azulada e transparente
Tardes de sonho, as tardes de novenas,// A embalar-me em cumplicidade,
Tardes de Portugal, as tardes de Anto,//  Sob crepúsculo duma paixão irreverente


Como eu vos quero e amo. Tanto! Tanto...// Com o coração imenso de esperança
Horas benditas, leves como penas,//  Refletindo sacrossanta bonança,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,// Revividas dentre plácidos outeiros,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!// Enterradas sob velhos escombros!


Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,// A transbordar de pranto, 
Que poisam sobre duas violetas,// Orvalhando as pétalas da saudade, 
Asas leves cansadas de voar...// Lembrando frágeis véus de raro encanto! 


E a minha boca tem uns beijos mudos...// Em que tremulam versos cálidos! 
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,// Refletindo a panaceia de afeiçoar, 
Traçam gestos de sonho pelo ar...// Ao tecer traços dos amores inválidos! 


 Florbela Espanca// Marilândia Marques Rolo

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