LANGUIDEZ// EM DESVARIO (DUETO DE MARI EM VERSOS DE FLORBELA)
Tardes da minha terra, doce encanto,// Que me inunda a alma de claridade,
Tardes duma pureza de açucenas,// Na rede azulada e transparente
Tardes de sonho, as tardes de novenas,// A embalar-me em cumplicidade,
Tardes de Portugal, as tardes de Anto,// Sob crepúsculo duma paixão irreverente
Como eu vos quero e amo. Tanto! Tanto...// Com o coração imenso de esperança
Horas benditas, leves como penas,// Refletindo sacrossanta bonança,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,// Revividas dentre plácidos outeiros,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!// Enterradas sob velhos escombros!
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,// A transbordar de pranto,
Que poisam sobre duas violetas,// Orvalhando as pétalas da saudade,
Asas leves cansadas de voar...// Lembrando frágeis véus de raro encanto!
E a minha boca tem uns beijos mudos...// Em que tremulam versos cálidos!
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,// Refletindo a panaceia de afeiçoar,
Traçam gestos de sonho pelo ar...// Ao tecer traços dos amores inválidos!
Florbela Espanca// Marilândia Marques Rolo
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