sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

DUETO FMAR Lágrimas ocultas// eM DEVANEIOS



LÁGRIMAS OCULTAS// EM DEVANEIOS

Se me ponho a cismar em outras eras// Para assim, esporear minha vívidas lembranças
Em que ri e cantei, em que era querida,// Num singular tempo de glória única e de fantasias
Parece-me que foi noutras esferas,// Nos longes, muito longes na embriaguez de heresias...
Parece-me que foi numa outra vida...// Em grandes céus de divinais bem-aventuranças!

E a minha triste boca dolorida,// Como fica a saudade tenebrosa
Que dantes tinha o rir das Primaveras,// Quais borboletas a voar dentre a linguagem das flores,
Esbate as linhas graves e severas,// Tentando transpor fronteiras multicolores,
E cai num abandono de esquecida!// Na dor da sobrevivência assombrosa!

E fico, pensativa, olhando o vago...// Lembrando dores dos amores olvidados!
Toma a brandura plácida dum lago// Eis que a ocultar sentimentos baldados
O meu rosto de monja de marfim...//  Retrata minhas faces lúridas, macilentas!

E as lágrimas que choro, branca e calma,// Qual pranto duma simplória desgarrada,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!// Que enlouquecida, revive semicerrada!
Ninguém as vê cair dentro de mim!// A sangrar, a arder, amargas e sedentas!


Florbela Espanca// Marilândia Marques Rollo 

Nos versos de Lágrimas ocultas encontramos u

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