ÁRVORES DO ALENTEJO// MUSICALIDADE DAS PRECES
ÁRVORES DO ALENTEJO// MUSICALIDADE DAS PRECES
Horas mortas... Curvada aos pés do Monte// Visão que a fluorecente luz estampa
A planície é um brasido... e, torturadas,// Excentricamente retorcida...assim, inflamadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,// E as frágeis, débeis quimeras alucinadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!// Rogam-Lhe divinais unções para bendizer a tampa!
E quando, manhã alta, o sol posponte// E a brisa perfumada, cheirando a lavandas
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,// Na musicalidade das cirandas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas// Transcendentes, que desfiam em segredos
Os trágicos perfis no horizonte!// Bem como os tresloucados contornos dos arvoredos!
Árvores! Corações, almas que choram,// Folhas dançarimas, ramos entrelaçados,
Almas iguais à minha, almas que imploram// No exílio dos meus sonhos abraçados
Em vão remédio para tanta mágoa!// Que oscila embriagado, pairando dentre nódoas!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:// Folhagens bailarinas, encarai a Natureza:
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Também ando a gritar, morta de sede,// _ Vede como deliram, sob as densas névoas,
Pedindo a Deus a minha gota de água!// Suplicando a ínfima porção da pureza!
Florbela Espanca// Marilândia Marques Rollo
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