O MEU ORGULHO
Dueto de Marilândia em versos de Florbela Espanca
O MEU ORGULHO// TRANSCENDENTE VISÃO
Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera// Alma de sonhadora. Saudade de qualquer coisa...
Não me lembrar! Em tardes dolorosas// Voltando aos des_enganos primitivos,
Lembro-me que fui a Primavera// Na eflorescência dos lilases
Que em muros velhos faz nascer as rosas!// E que no in_finito se debruçam!
As minhas mãos outrora carinhosas// Sublinhavam a presença da memória,
Pairavam como pombas... Quem soubera// De maviosa suavidade... Desta minh'alma a solidão de prantos!
Porque tudo passou e foi quimera,// Presos nas mesmas tramas, em secreta magia...
E porque os muros velhos não dão rosas!// De tanto sonho findo que a vida pisou!
O que eu mais amo é que mais me esquece...// Assim, me vergo em sobressaltos!
E eu sonho: "Quem olvida não merece..."// A inutilidade das lágrimas que rolam.
E já não fico tão abandonada! // Pois a sede do amor me faz melhor!
Sinto que valho mais, mais pobrezinha:// Por entre bizarras florações purpúreas.
Que também é orgulho ser sozinha,// Qual manhã sem sol e sem música
E também é nobreza não ter nada!// Ter apenas, o escuro do caminho!
Florbela Espanca e Marilândia Marques Rollo
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