terça-feira, 10 de novembro de 2020

A MULHER// IMAGINÁRIA (Dueto de Marilândia em versos de Florbela Espanca)

(Dueto de Marilândia em versos de Florbela Espanca) 

 A MULHER// IMAGINÁRIA 

 Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!// Pela graça i_mortal dos teus Reinados!
 Como sabes ser doce e desgraçada!// Entre o pecado e o desejo! 
 Como sabes fingir quando em teu peito// Sem sonhos, nem ilusões 
 A tua alma se estorce amargurada!// Na extrema unção de tantas dores! 
 Quantas morrem saudosa duma imagem// Num brando luar das ilusões terrenas 
 Adorada que amaram doidamente!// Amortalhada por entre dolorosos gemidos! 
 Quantas e quantas almas endoidecem// Sob flores que se abrem e o sol reverencia, 
 Enquanto a boca rir alegremente!// Recuada na Noite dos dias vãos! 
 Quanta paixão e amor às vezes têm// Ermas, na solidão abandonadas 
 Sem nunca o confessarem a ninguém// No des_encanto dos dias, do tempo e do seu passar... 
 Doce alma de dor e sofrimento!// Ao sentir dia a dia, a fome do coração! 
 Paixão que faria a felicidade// De todas as Potestades 
 Dum rei; amor de sonho e de saudade,// Por onde o Amor parábolas descreve, 
 Que se esvai e que foge num lamento!// Sem desespero, nem alegria! 


 Florbela Espanca// Marilândia Marques Rollo

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