Espelho da Minha Dor
No meu olhar há névoa e solidão,
Um mar sem porto, errante navegante,
Sou pranto antigo, canto vacilante,
Sou sombra fria em triste procissão.
Na alma guardo apenas ilusão,
Um fado amargo, eterno e sufocante,
Sou sonho morto, verso agonizante,
Sou nau perdida em turvo coração.
E neste espelho vejo o que não sou,
Um vulto errante, a bruma que ficou,
Lembrança vã, criança sem calor.
Sou melodia que ninguém entendeu,
Sou lira triste que já se perdeu,
Sou todo o nada — espelho da minha dor.
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