"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
OUTRAS VERSÕES SOBRE O DIA DO FOLCLORE
Eu vi a Iara na luz da Lua,
cabelos correndo como rios noturnos,
olhos que guardavam segredos de estrelas,
boca que sorria marés inteiras.
Sua pele, prata líquida,
era a própria madrugada em repouso,
e cada gesto lançava centelhas
que acendiam o ventre das águas.
A correnteza se curvava a ela,
o vento parava para ouvir,
e até a Lua, rainha das noites,
pareceu descer para beijar-lhe a fronte.
Seu canto não era apenas música —
era um feitiço que tocava a memória,
despertando barcos afogados,
fazendo florescer conchas na alma.
Eu quis chamá-la, mas não havia voz,
meu peito era um tambor em silêncio,
e só meus olhos navegavam
pela maré de sua presença.
A Via Láctea, lá no alto,
traçava um rio de luz sobre o céu,
e eu não sabia mais se estava na terra
ou se também flutuava entre constelações.
Quando ela mergulhou,
a água guardou seu último brilho,
e no espelho do rio,
ficou para sempre a minha saudade.
Outras versões 2
mari
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Entrada
Marilândia Marques Rolo
Do Canto que Mora nas Águas
Eis que, em noite de luar inteiro,
vi a Donzela-das-Águas erguer-se do leito do rio,
com os cabelos a pender como rios de sombra,
e os olhos feitos de luz chorada das estrelas.
Vestia a Noite por manto,
e trazia na fronte o diadema de prata da Lua;
o ar tremia de frios encantamentos,
e o próprio vento não ousava passar.
Cantou, e o canto foi mágoa e sortilégio,
foi riso de marés e pranto de marinheiros,
foi a voz primeira que acordou o mundo
e o sussurro último que adormece as marés.
De seu gesto caíam lumes,
que no rio se faziam astros em quebranto;
e eu, pobre mortal, ficava presa
no tecer de suas águas encantadas.
Mas ai! — quando a Lua buscou o ocaso,
a Donzela se fez espuma e penumbra,
descendo ao profundo, onde jazem os sonhos
e os ossos de quem ousou segui-la.
E ficou sobre o rio um espelho trêmulo,
guardando a sombra de minha lembrança,
para que nunca, nunca, eu seja senhora de meu próprio coração.
A Iara na Luz da Lua
Eu vi a Iara na luz da Lua,
pálida e fulgente como um astro enfermo,
com véus de neblina e luto flutuando no altar das águas.
Seus cabelos — rios noturnos — desciam como abismos de seda negra,
e nos olhos — dois astros afogados — brilhava a febre das constelações mortas.
O seu canto, feito de sombra e ouro,
era lâmina líquida cortando o silêncio,
e cada nota, um clarão doloroso,
acendia fantasmas no fundo do rio.
A noite, ajoelhada, suspendeu-se no fio de sua voz,
e a Lua, branca sacerdotisa, ungiu-lhe o rosto com luz de agonia.
Eu quis tocá-la, mas minhas mãos eram âncoras presas ao próprio espanto;
quis falar, mas minha boca era concha cheia de sal e silêncio.
Então, ela mergulhou no turbilhão das trevas prateadas,
e só ficou no espelho do rio o reflexo desfeito da minha alma.
Marilândia
Do Canto que Mora nas Águas
Eis que, em noite de luar inteiro,
vi a Donzela-das-Águas erguer-se do leito do rio,
com os cabelos a pender como rios de sombra,
e os olhos feitos de luz chorada das estrelas.
Vestia a Noite por manto,
e trazia na fronte o diadema de prata da Lua;
o ar tremia de frios encantamentos,
e o próprio vento não ousava passar.
Cantou, e o canto foi mágoa e sortilégio,
foi riso de marés e pranto de marinheiros,
foi a voz primeira que acordou o mundo
e o sussurro último que adormece as marés.
De seu gesto caíam lumes,
que no rio se faziam astros em quebranto;
e eu, pobre mortal, ficava preso
no tecer de suas águas encantadas.
Mas ai! — quando a Lua buscou o ocaso,
a Donzela se fez espuma e penumbra,
descendo ao profundo, onde jazem
os sonhos e os ossos de quem ousou segui-la.
E ficou sobre o rio um espelho trêmulo,
guardando a sombra de minha lembrança,
para que nunca, nunca,
eu seja senhor de meu próprio coração.
A Iara na Luz da Lua
Eu vi a Iara na luz da Lua,
pálida e fulgente como um astro enfermo,
com véus de neblina e luto
flutuando no altar das águas.
Seus cabelos — rios noturnos —
desciam como abismos de seda negra,
e nos olhos — dois astros afogados —
brilhava a febre das constelações mortas.
O seu canto, feito de sombra e ouro,
era lâmina líquida cortando o silêncio,
e cada nota, um clarão doloroso,
acendia fantasmas no fundo do rio.
A noite, ajoelhada,
suspendeu-se no fio de sua voz,
e a Lua, branca sacerdotisa,
ungiu-lhe o rosto com luz de agonia.
Eu quis tocá-la, mas minhas mãos
eram âncoras presas ao próprio espanto;
quis falar, mas minha boca
era concha cheia de sal e silêncio.
Então, ela mergulhou
no turbilhão das trevas prateadas,
e só ficou no espelho do rio
o reflexo desfeito da minha alma.
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