"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
sexta-feira, 15 de agosto de 2025
EVENTO QUASEEN DIA 23 DE AGOSTO VARIADAS VERSÕES
30 FESTA POÉTICA
EVENTO SARAU DE ANIVERSÁRIO DE 12 ANOS
GRUPO QUAASEEN- "QUE AS ALMAS SE ENCONTREM"
TEMA: "Já não sei andar só pelos caminhos, porque já não posso andar só"- Alberto Caieiro/Fernando Pessoa
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
TÍTULO:O Caminho e o Vazio
Data:23/08/2025
País:Brasil
Os Caminhos Perdidos
Já não sei andar pelos caminhos
porque já não sei andar só,
e os meus pés procuram outros pés
nas pedras frias do mundo.
Antes caminhava como o vento,
livre e desatado,
pisando a terra com a força
de quem não conhece o medo.
Agora preciso de tua sombra
para dar cada passo,
de tua voz para guiar-me
pelos atalhos confusos da vida.
Os caminhos se multiplicaram
desde que te encontrei,
e cada estrada que se abre
pede por teus passos junto aos meus.
Como aprenderei de novo
a solidão dos caminhos,
se meus pés já não conhecem
outro ritmo que não seja o nosso?
Tu me ensinaste que caminhar
é sempre caminhar a dois,
que a estrada só tem sentido
quando partilhada.
E agora, amor,
como voltarei
aos antigos trilhos solitários,
se já não sei decifrar
o mapa do meu próprio coração?
Os caminhos esperam,
pacientes como sempre,
mas eu aqui fico
aprendendo de novo a andar.
Marilândia
Caminhos Sem Regresso
Já não sei andar pelos caminhos,
porque já não sei andar só…
O silêncio me cobre de espinhos,
e a noite me veste de pó.
As veredas tornam-se abismos,
onde sombras bebem o luar,
e meus passos, trêmulos,sob fatalismos
já não sabem mais onde pisar.
O vento murmura enigmas,
no idioma antigo da dor,
trazendo-me brumas em paradigmas
de um tempo perdido no amor.
Os astros, na esfera sombria,
olham-me com frio desdém,
como se a minha agonia
fosse só um eco de ninguém.
Cada pedra que piso sangra,
cada flor que toco se desfaz,
meu peito em silêncio me vangra
com um luto que nunca se faz.
E sigo, sem rumo, sem mapa,
com os olhos presos no chão,
sentindo que a alma se escapa
nas fendas do próprio coração.
Já não sei andar pelos caminhos,
porque já não sei andar só…
Sou nau sem mar, sem pergaminhos,
sou cinza errando no pó.
Marilândia
O Caminho e o Vazio
Já não sei andar pelos caminhos,
porque já não sei andar só.
As estradas, antes claras e serenas,
tornaram-se longos corredores de sombra,
cheios de ecos que não me pertencem.
Tudo é frio. Tudo é distante.
E cada passo é um cristal
que se quebra no silêncio
da minha própria alma.
Há uma poeira de astros mortos
flutuando no ar,
tocando-me como dedos pálidos
de uma eternidade sem rosto.
As árvores, espectrais,
inclinam-se sobre mim como anjos decaídos,
murmurando preces que não compreendo.
E o vento, esse sacerdote noturno,
arrasta pelas veredas seus cânticos roucos,
como se quisesse ungir-me
com o óleo sombrio da solidão...
Não há horizonte
— apenas véus, véus espessos de neblina_,
e um rumor profundo que parece vir do coração da terra.
Tudo é abismo, tudo é marasmo,
e eu, como náufraga da própria existência,
afundo em ondas negras que não têm fim.
Já não sei andar pelos caminhos,
porque já não sei andar só.
A solidão tornou-se meu último país,
e nele vagueio como uma viajante sem mapa,
sem nome e sem retorno.
Marilândia
A Via dos Abismos
Já não sei andar pelos caminhos,
porque já não sei andar só…
Na treva, soluçam longos vinhos
de mágoa, destilando pó.
Os véus do crepúsculo descem,
lentos, trêmulos, febris,
sobre almas que nunca esquecem
os abismos sutis e hostis.
O vento é um órgão que geme
em claustros de sombra e luar,
e cada suspiro que treme
é um cântico a se afogar.
Entre lírios mortos, distantes,
passam espectros de cristal,
trazendo perfumes cortantes
de um reino lunar, irreal.
O tempo, de púrpura e luto,
abre alas de frio metal,
e o mundo, sombrio e astuto,
me prende num sonho mortal.
Sou via crucis de ais e espantos,
sou templo que a noite calou,
sou cântico feito de prantos
que a própria alma apagou.
Já não sei andar pelos caminhos,
porque já não sei andar só…
Na cruz dos meus frios espinhos
sou névoa errando no pó.
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