"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
quarta-feira, 4 de junho de 2025
DESOLAÇÃO em 3 versões
DESOLAÇÃO
É triste, dizem, o lamento do vento
Que geme pelos campos desolados!
E aqueles gritos mudos, abafados,
Que nascem do mais profundo sofrimento!
É triste e corta fundo o pensamento
Ver tantos sonhos mortos, enterrados!
E não sabem que tenho os olhos gastos
De chorar este eterno desalento?!...
Vendavais de tormento trago-os eu
Dentro de mim e tudo quanto é meu
É tempestade d'alma sem ventura!
E a solidão dos campos, toda essa
Dor sem nome, carrego-a na tristeza!
E o vento sou eu própria! A ventania pura!!
Marilândia
É triste, falam, a melancolia
Das tardes que se morrem devagar!
E esse silêncio fundo de pesar
Que nos consome a alma, noite e dia!
É triste e rasga toda a fantasia
Ver a juventude definhar!
E não veem que eu sou o próprio chorar
Da mais cruel e negra nostalgia?!...
Crepúsculos de luto trago-os eu
Dentro de mim e tudo quanto é meu
É funeral de esperanças perdidas!
E o silêncio das tardes, todo esse
Vazio que a alma em prantos conhece,
Trago-o em mim nas lágrimas vertidas!
E a tarde sou eu própria! A tarde morta!!
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É triste, clamam, o abandono
Das casas velhas, mudas, sem amor!
E aquele eco surdo de pavor
Que faz da vida um lúgubre outono!
É triste e mata todo o sono
Ver murchar a última flor!
E não sabem que sou a própria dor
Do mais sombrio e desolado abandono?!...
Ruínas de ventura trago-as eu
Dentro de mim e tudo quanto é meu
É cemitério d'almas sem fortuna!
E o abandono das casas, toda essa
Morte que nos seios se confessa,
Vivo-a eu sozinha sob a lua!
E a ruína sou eu própria! A casa morta!!
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