Genealogia da Luz (fotopoema postado no instagram por Fernanda)

Genealogia da Luz Quatro mulheres num quarto iluminado, onde o tempo se curva como um rio antigo, onde as mãos se tocam com a certeza de quem decifra a linguagem do vento. A mais velha carrega no peito bordados de luz azul, constelações tecidas com a paciência das marés, seus olhos guardam memórias de um século, como conchas que abrigam o murmúrio do oceano. As outras três, satélites de sua gravidade, giram em torno deste sol de cabelos brancos com a devoção silenciosa das estações. Não há solidão possível neste abraço que desafia o tempo como um manifesto. Cada rosto é um continente ligado pelo mesmo mar. As paredes são testemunhas: a beleza não está nas superfícies, mas nas raízes, na teimosia das árvores que insistem em florescer, no milagre cotidiano da vida que se transmite como um fogo sagrado de geração em geração. Elas são quatro, mas também são uma, como a água que muda de forma sem perder sua essência. No centro deste universo doméstico, a felicidade é simples como um reencontro, antiga como um carvalho, nova como o amanhecer. A fotografia captura apenas um instante, mas nele habita a eternidade completa, o amor que resiste ao esquecimento, a bênção que não precisa de palavras, apenas deste abraço que contém todos os abraços, destes sorrisos que vencem todas as distâncias, desta luz que atravessa todas as sombras. Marilândia