Lendárias Lembranças
Lendárias Lembranças Às margens do tempo onde a bruma dança, guardo as tuas mãos como conchas marinhas, como se o mar todo coubesse em nossos dedos entrelaçados, como se as ondas pudessem ser domadas por nossos suspiros. Viajo por tuas lembranças como quem percorre antigas ruínas de uma civilização esquecida, onde cada coluna quebrada sustenta ainda o peso da eternidade e do que fomos. És tu a memória que persiste quando tudo se apaga, silhueta recortada contra o crepúsculo das minhas pálpebras fechadas. A lua te conhece, o vento te reconhece, mas só eu decifro o alfabeto das tuas ausências. Nas ruas da cidade que construímos com sonhos, permanecem pegadas invisíveis aos transeuntes do agora. Somente eu, arqueólogo das nossas lendas, escavo o solo do tempo para encontrar teu sorriso fossilizado. Ah, como persiste o aroma daquele jardim! Como sobrevive o eco daquela música que dançamos! As memórias não são apenas sombras, são monumentos que desafiam o vento feroz do esquecimento. Lendárias lembranças, vocês me habitam como pássaros em uma antiga catedral. Seus voos entre as abóbadas do meu peito desenham mapas para lugares que só existem no ontem. E apesar do tempo, esse tirano implacável, seu algoz e seu servo ao mesmo tempo, as lembranças resistem, teimosas como sementes no deserto, florescendo em poemas e suspiros quando menos se espera. Contigo aprendi que recordar é um ato de amor, é recriar o mundo todos os dias, é fazer do passado não uma prisão, mas um barco navegando sempre em direção ao horizonte do amanhã. Marilândia

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