"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
segunda-feira, 24 de março de 2025
PARA ANTOLOLOGI A DIA 1 DE ABRIL
TORRES DE SONHOS
Entre páginas de papel, ergo torres invisíveis,
Construo muralhas feitas de sonhos e de sombras.
No silêncio das letras, espectros indizíveis
Dançam em corredores repletos de almas nas penumbras.
Quantas vidas eu vivi neste castelo de tinta?
Quantos "eus" habitaram este corpo emprestado?
A realidade fora é apenas turbulenta,
Distante do império que dentro foi ressuscitado.
Sou leitora, sou autora,sou personagem também,
Desdobro-me em figuras que nunca existiram.
Fecho o livro e pergunto: onde fica o além
Destes mundos fictícios que em mim já residiram?
Talvez seja mais real o sonho que a vigília,
Mais verdade na mentira que no fato acontecido.
Um livro é um castelo onde mora a parafernália
Para encontrar-se enfim naquilo que é fingido.
Marilândia
OU
Entre páginas de papel fino,
Ergo torres de sonhos imprecisos.
Não sei se o que leio é o que vivo
Ou se apenas habito o que imagino.
Um livro aberto é um portal
Para mundos que não existem, mas são.
Palavras — pedras de um castelo irreal —
Constroem-se e desfazem-se na palma da mão.
Folheio a vida como quem folheia
As páginas de um destino já escrito.
Sou leitor de mim mesmo, e quem lê
É também personagem desse rito.
No silêncio das letras encontrei
A voz que dentro de mim não ouvia.
Quantos "eus" habitam este castelo?
Quantos sonhos sob a mesma dinastia?
Palavras são véus que desnudam
Verdades que, nuas, não saberíamos ver.
Um livro é um castelo de ilusões
Onde me permito ser e não ser.
E quando fecho a última página,
Como quem fecha as portas de um castelo,
Pergunto se fui eu quem leu o livro
Ou se foi o livro quem me leu a mim.
Assim, entre o ser e o parecer,
Entre o real e o imaginado,
Ergo castelos de palavras ao vento
E neles me perco, encontrado.
Marilândia
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