"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
terça-feira, 11 de março de 2025
Cronologia do Des_encontro
Cronologia do Des_encontro
Te busquei em tempestades, entre a névoa cálida do amanhecer,
quando meus olhos fechados te percebiam mais claramente
que a realidade obstinada das coisas.
E estavas ali, como a certeza do mar que retorna à praia.
Era simples então, como é simples acreditar
nas promessas que nascem do silêncio,
dos olhares que atravessam a escuridão
e das mãos que sem se tocarem se reconhecem.
Mas o tempo, esse ladrão de certezas,
traçou distâncias que não podemos medir com palavras.
Te afastaste como se afastam os pássaros do inverno,
sem despedidas, seguindo uma rota invisível ao coração.
O destino, que tanto celebramos quando nos uniu,
agora parece rir-se da nossa ingenuidade.
Nos fez crer que os caminhos entre_laçados
jamais poderiam separar-se na bifurcação seguinte.
Tua boca, aquela que beijava pronunciando promessas,
agora destila verdades como feridas abertas:
"Sejamos amigos", dizes, como quem oferece moedas
a quem alguma vez possuiu todo um tesouro.
E eu entendo, ainda que me pese entendê-lo:
o amor escorreu entre nossas mãos,
como água que não soubemos conter,
transformando-se em algo distinto, menos urgente, mais sereno.
Já não somos o que fomos, nem o que sonhamos ser.
Somos o que o tempo fez de nós:
dois náufragos que se reconhecem na distância,
que se saúdam com respeito de margens diferentes.
Assim aprendi que o amor não é e_terno mas mortal como nós.
Que as promessas, até as mais sinceras,
se diluem no rio implacável dos anos,
até que só reste delas o eco do que poderia ter sido.
E se alguém me atira pedras por ter amado e perdido,
as transformarei em rosas que adornem minha memória.
Porque cada queda me ensinou
que a vida continua sendo bela, mesmo depois de ti.
Marilândia
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