"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
terça-feira, 11 de março de 2025
A FERRO E FOGO
Não foi com ternura que o mundo me tocou,
mas a ferro e fogo, implacável e severo,
como o ferreiro que molda o metal incandescente,
assim a vida forjou minha existência.
Entre as chamas da ausência e o metal frio da solidão,
fui martelada, dobrada, temperada,
até que meu coração se tornasse uma ferramenta resistente ao tempo.
A memória desfaz-se em faíscas laranja
que saltam da bigorna do passado.
Cada golpe, uma cicatriz que reluz;
cada queimadura, uma lição gravada na pele.
Há beleza nesta criação violenta,
neste nascimento entre brasas e fumaça.
O que antes era frágil e maleável
agora sustenta o peso do universo.
A ferro e fogo aprendeu que o amor também é forja,
também é martelo e também é chama.
É a mão firme que segura o metal e a visão que enxerga,
na matéria bruta, a forma perfeita que aguarda liberação.
É a espada temperada nas águas do sofrimento,
É o arado que rasga a terra obstinada,
é a corrente que une e também a que liberta. A ferro e fogo me fizeram, mas não me consumiram.
E quando finalmente o último fogo se apagar,
quando o último martelo silenciar seu eco,
restará apenas o que foi criado:
uma obra inacabada, imperfeita,
mas forjada com a força
de quem conheceu o calor extremo da paixão
É o frionte da ausência,
e ainda corta assim, persiste.
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