MÃOS DO OUTONO Esquecidas N'algum canto da memória Vieram por acaso, Num outono distraído, Lembranças estampadas Na nudez das árvores... E Nas folhas Que se arrastam ao chão Cores bordadas de brisas, Inundando alegorias A cruzar Os céus dos longínquos horizontes... Marilândia "Sobre as brasas vivas do outono" Jô Tauil ________________________ Na Natureza virginal palpitam In_tocáveis, sonâmbulas palavras Que prendem as almas num igual destino, Sob largos Silêncios interpretativos, No auge de vagos espasmos ... Por entre enlevos e deslumbramentos, Ascendendo na força astral dos sentimentos, Atravessando cumes sobranceiros, Brotam fosforescências palpitantes Nas asas das palavras, E, Cantando dentre Esferas calmas, Enquanto tudo em derredor oscila, Ficam lá, Tranquilas, cândidas, serenas, Carregando consigo augustos eflúvios... Marilândia Dádivas do Outono Sob encantos e feitiços Purpúreos crepúsculos Cingem segredos outonais... Aveludadas cores pairam nos céus A tecer flores à meia luz, Agasalhando-se na volúpia da alma... E ao compasso De delíquios do amor Soluçam, Molhados pela aurora, Beijos que se entrelaçam... Marilândia FLAMEJANTES CORES Em sonhos de campos verdejantes, Onde florescem desejos sem fim, Há um jardim de cores flamejantes, E frutos doces que brilham enfim... No abraço da brisa suave do norte, As flores dançam em gracioso balé, Cada pétala um suspiro, um corte, De saudade, de amor, de fé. Os frutos, jóias de outono dourado, Pendendo em ramos de esperança e paz, Guardam segredos de um passado amado, E promessas do que o futuro nos traz. O campo é um quadro de lembrança, De risos, de lágrimas, de vida e de dor, Onde florescem sonhos e esperança, E os frutos amadurecem em amor. Em cada flor, a alma de um poeta, Em cada fruto, o sabor do viver, E no jardim, a vida se completa, Em flores e frutos, num eterno renascer.