SER POETA// SUPREMO TROFÉU (Dueto de Marilândia com versos de Florbela Espanca)

SER POETA// SUPREMO TROFÉU Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior// Que as estrelas a dardejar.. Do que os homens! Morder como quem beija!// Enfim, maravilhar e encantar! É ser mendigo e dar como quem seja// Iluminado de pureza, com a essência virgem da beleza... Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!// Sob febre da ilusão, já purgado dos terrestres vícios! É ter de mil desejos o esplendor// Qual ícone eterno em visões de Sonhador... E não saber sequer que se deseja!// Oscilando,vagueando, ondulando! É ter cá dentro um astro que flameja,// Por toda parte meditando, É ter garras e asas de condor!// A penetrar por todo o anil sidéreo! É ter fome, é ter sede de Infinito!// Soberbos desejos desse meu ardor! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...// Quais asas matizadas resplandecendo .... É condensar o mundo num só grito!// Liquefazendo a Esfera num só momento glorioso! E é amar-te, assim, perdidamente...// No silêncio e na sombra mais velada... É seres alma e sangue e vida em mim// Dentre feéricos turbilhões de fantasias E dizê-lo cantando a toda gente!// Num grito infernal de atroz luxúria! Florbela Espanca e Marilândia Marques Rollo