segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 15 DE DEZEMBRO

“Virando a erva serena em que calidamente pisavas” Jô Tauil ____________________________ Senti o mundo inteiro estremecer sob meus pés descalços, Como se a terra guardasse o eco dos teus passos, E cada folha fosse memória das horas que me amavas. Quisera ser o vento que te beija a fronte pura, Ou a sombra tênue que te segue em cada estrada, Mas sou apenas esta alma enamorada, Que sangra de saudade e de ternura. Nos teus olhos vi o mar e toda a sua imensidão, Vi tempestades, calmarias e luar de prata, Vi o destino que nos prende e nos desata, E a doce crueldade da minha solidão. Porque te amei com a fúria das mulheres perdidas, Com o ardor dos que não temem a desgraça, Como quem abraça o fogo e nele se desfaça, Consumindo-se em chamas mal vividas. E agora que pisas longe, noutros caminhos, Fico a virar a erva onde pisaste um dia, Bebendo desta vã melancolia, E colhendo rosas dos meus próprios espinhos. Marilândia

domingo, 14 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 14 DE DEZEMBRO

"Outono eterno de folhas levitadas" Jô Tauil ________________________________________ Suspensas no ar do meu sofrer tardio, São cartas do tempo, jamais enviadas, Que o vento releu no meu peito vazio. Há sombras de amor nas ruas caladas, Um sol que se cansa de ser desafio, E a dor se perfuma em rosas veladas, Bebendo o silêncio do pranto de anos a fio. Meu coração dobra-se em preces cansadas, Como ave ferida à beira do rio, Sonhando regressos, promessas guardadas, Na carne do sonho que insiste e confio. Se o dia me nega manhãs renovadas, A noite me embala num lume macio, Pois amo — e no amor as perdas são dadas Como ouro que arde num cofre sombrio. Assim sigo, amante de ausências amadas, Vivendo do eterno que chora — e sorrio. Marilândia

sábado, 13 de dezembro de 2025

COSTURANDO 12 DEZEMBRO

“Reminiscências ditosas do que foi bom um dia..." Jô Tauil ________________________________ Voltam na névoa branda de um sonho que passou, E trazem no regresso toda a melancolia Das horas que a ventura em pétalas deixou. Que doce era o luar naquelas noites minhas, Quando teu riso claro enchia o coração! Pisávamos descalços por sendas tão daninhas, Tecendo com estrelas nossa constelação. Mas tudo se evapora como perfume antigo, E resta apenas cinza do fogo que ardia. Procuro-te nas sombras, mas não te encontro, amigo, Somente o eco triste da nossa despedida… Ó tempos de ventura, de beijos, de delírio! Como dói recordar o que jamais voltará! Transformo em verso e canto este sagrado martírio, E choro sobre a página que me há de consolar. Guardo em meu peito exausto estas memórias loucas, Como quem guarda jóias num cofre de ilusão, Enquanto a vida escorre por minhas mãos tão roucas, E murcha como flores ao sol da solidão. Marilândia

COSTURANDO 13 DEZEMBRO

“Regresso a mim profundamente…” Jô Tauil _____________________________ Na sombra do silêncio, Onde a alma se desfaz em solidão, E encontro nos destroços da paixão O amargor de um antigo pressentimento. Regresso a mim, aos braços do tormento, Às horas mortas de desilusão, Ao pranto que guardei no coração Como se fosse eterno o sofrimento. Regresso a mim, à fonte do meu pranto, Ao poço fundo da melancolia, Onde me perco e me encontro,entretanto. Regresso a mim na treva de outro dia, Aos versos que escrevi com desencanto, À dor que em mim nasceu e em mim morreu… Regresso a mim, ao sonho despedaçado, Às cinzas do que foi e já não é, E neste regresso de alma e de fé Encontro-me perdida no passado. Marilândia

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Dueto de Marilândia e Ruth

Dueto de Marilândia e Ruth Nas páginas do vento onde a dor se deita e sonha,//Escrevo com a tinta invisível que só an alma testemunha. Éo sopro de um destino antigo que desfia o coração,// Fazendo da noite um templo, e da saudade, oração. Sou chama que arde em silêncio e cinza que o tempo não vence,// Sou flor que desabrocha no amanhecer e na lua se entristece. Caminho entre mundos suspensos, onde o nome se desfaz,// E cada verso que nasce é um pássaro buscando a própria paz. Ó, concede-me teu silêncio — que nele minha voz floresça;// Empresta-me teus olhos — que neles minha essência apareça. Pois no espelho translúcido da alma encontro o que ainda sou:// Vestígios de sonhos antigos que Deus na palma abrigou. Amor, doce miragem que inquieta, acende e devora,// És brasa que me corrói e luz que me recria a cada aurora. És tormento e promessa, estrela que não alcanço ao tocar,// Mas que guia minha sombra, mesmo sabendo que não há chegar. Sou feita de anseios incertos, de marés que nunca dormem,// Mulher que no peito guarda oceanos que transbordem. E enquanto houver palavra pulsando nesta veia rente,// A alma se abrirá — lucidamente, ardentemente. Mesmo que a dor celebre, mesmo que chova eternamente. Marilândia e Ruth em dueto

COSTURANDO DIA 9 DEZEMBRO

“Vozes serenas, esse cântico vão entoar!” Jô Tauil _____________________________ Em noite profunda onde a alma se debate, Sussurros d’alva que vêm me embalar, Como se o vento em mim seu pranto acalente. São vozes vindas de um tempo esquecido, Ecos de amores que não mais respiro, Trazem consigo o perfume do sustenido, Das horas mortas que em vão suspiro. Cantam de sonhos que nunca vivi, De astros distantes que quis alcançar, De tudo aquilo que em mim entrevi, Como areia fina que o mar vai levar. E nesse canto há tristeza tão pura, Que corta a alma como lâmina fria, Há solidão, há dor, há amargura, Há todo o peso de um longo dia. Mas há também qualquer coisa de eterno, Um fulgor tênue de esperança vã, Como se fosse possível, no inverno, Acreditar que virá a manhã. Vozes serenas, cantai-me baixinho, Embalai minha dor nesse cantar, Fazei-me esquecer que vou tão sozinho Neste caminho que não tem fragmentar. Marilândia

COSTURANDO 10 DE DEZEMBRO

“E o teu coração, que me nega a tua senha…” Jô Tauil ____________________________ Guarda em si mistérios que não ouso desvendar, Como um cofre fechado numa torre estranha, Onde não posso entrar, nem sequer sonhar. Trago comigo a dor de quem ama em vão, A alma despedaçada em cacos de luar, E nas veias o fogo desta estranha paixão, Que me consome inteira sem me deixar gritar. Queria ser a chave que abrisse o teu peito, Penetrar nos segredos que escondes de mim, Mas tu ergues muralhas, suspiros desfeitos, E eu fico do lado de fora, enfim… Talvez seja melhor que me negues entrada, Que guardes para sempre o que não quero ver, Pois toda a verdade é uma espada afiada, Pois há segredos que matam quem os quer saber. Mas mesmo assim te amo, com esta agonia, Este amor que me sangra, este amor que me prende, E o teu coração, na sua tirania, Nega-me a senha… mas a minha alma não se rende. Marilândia

COSTURANDO POESIA

“Reminiscências ditosas do que foi bom um dia” Jô Tauil ________________________________ Voltam na névoa branda de um sonho que passou, E trazem no regresso toda a melancolia Das horas que a ventura em pétalas deixou. Que doce era o luar naquelas noites minhas, Quando teu riso claro enchia o coração! Pisávamos descalços por sendas tão daninhas, Tecendo com estrelas nossa constelação. Mas tudo se evapora como perfume antigo, E resta apenas cinza do fogo que ardia. Procuro-te nas sombras, mas não te encontro, amigo, Somente o eco triste da nossa despedida… Ó tempos de ventura, de beijos, de delírio! Como dói recordar o que jamais voltará! Transformo em verso e canto este sagrado martírio, E choro sobre a página que me há de consolar. Guardo em meu peito exausto estas memórias loucas, Como quem guarda jóias num cofre de ilusão, Enquanto a vida escorre por minhas mãos tão roucas, E murcha como flores ao sol da solidão. Marilândia Responder, Responder a todos ou Encaminhar

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 11 DE DEZEMBRO

“E a alma se abre a ti e mais um poema escreve” Jô Tauil _______________________________ Nas páginas do vento onde a dor se inscreve, Com tinta de saudade e sangue de paixão, Rasgando o véu da noite, expondo o coração. Sou chama que consome e cinza que permanece, Flor que ao sol desabrocha e à lua desfalece, Errante entre mundos que não ouso nomear, Buscando em cada verso um modo de voar. Ó, dá-me o teu silêncio para eu poder gritar! Empresta-me teus olhos para eu me contemplar, Que neste espelho d’alma vejo reflexos meus De sonhos que morreram nas benditas mãos de Deus. Amor, quimera doce, tormento que me prende, És tu quem me consome e ao mesmo tempo acende Esta louca esperança de um dia te alcançar, Sabendo que é em vão, mas sem poder parar. Sou toda feita em ânsia, desejo e solidão, Mulher que traz no peito um vulcão de emoção, E enquanto houver palavras e sangue nesta veia, A alma se abrirá,inda que a dor a festejar, Hoje nela chovendo, leia. Marilândia Responder, Responder a todos ou Encaminhar

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

COSTURANDO 8 DEZEMBRO

“Vozes serenas, esse cântico vão entoar!” Jô Tauil _____________________________ Em noite profunda onde a alma se debate, Sussurros d’alva que vêm me embalar, Como se o vento em mim seu pranto acalente. São vozes vindas de um tempo esquecido, Ecos de amores que não mais respiro, Trazem consigo o perfume do sustenido, Das horas mortas que em vão suspiro. Cantam de sonhos que nunca vivi, De astros distantes que quis alcançar, De tudo aquilo que em mim entrevi, Como areia fina que o mar vai levar. E nesse canto há tristeza tão pura, Que corta a alma como lâmina fria, Há solidão, há dor, há amargura, Há todo o peso de um longo dia. Mas há também qualquer coisa de eterno, Um fulgor tênue de esperança vã, Como se fosse possível, no inverno, Acreditar que virá a manhã. Vozes serenas, cantai-me baixinho, Embalai minha dor nesse cantar, Fazei-me esquecer que vou tão sozinho Neste caminho que não tem fragmentar. Marilândia

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 7 DEZEMBRO

“Sonho Sonhado,Suspirado, Sussurrado, Sentido, Sepultado” Jô Tauil ____________________________ No fundo d’alma onde a dor habita, Nas sombras densas do meu peito aflito, Jaz esse sonho em pranto já maldito, Que a vida cruel tão cedo me recita… Sonhei-te em ânsias, em desejo infindo, Beijei-te em versos de paixão ardente, Guardei-te em lágrimas, secretamente, Como quem guarda um bem que vai perdendo. Mas o destino, algoz impiedoso, Cavou-te a cova em terra de saudade, E ali jazeste, sonho desditoso, Entre as ruínas da felicidade. Hoje só resta o eco do gemido, A cinza fria do que foi tão belo, E eu, sozinha, abraçada ao esquecido, Choro o meu sonho como eterno degredo. Marilândia

COSTURANDO DEZEMBRO

"Ser tua mãe, que num sorriso me aparece" Jô Tauil _______________________________________ É bênção antiga que em minha alma permanece; é luz de aurora que em meu peito se acende, um colo eterno onde a dor se rende. Trazes em ti a ternura que me reconhece, um afago manso que tudo enriquece, e nos meus sonhos és vento que desce regando a saudade que nunca esmorece. Em teus gestos sinto a poesia que me tece, um fio de vida que jamais desfalece; teu nome é canto suave que não fenece, é flor que desabrocha quando a noite amanhece. Se o mundo é inclemente, teu amor me fortalece, e cada lembrança tua me enobrece; sou pétala frágil que teu carinho aquece, sou mar que no teu olhar se desvanece. Ah, Mãe do meu ser, que tanto me enternece, teu riso é estrela que o céu amanhece; e na alma guardo o perfume que me ofereces, poema eterno que em meu coração floresce. Marilândia

sábado, 6 de dezembro de 2025

COSTURANDO 6 DEZEMBRO

“O teu gosto e teu cheiro permanecem” Jô Tauil ___________________________ Como sombras que nunca me abandonam, Fantasmas doces que me enlouquecem E no silêncio da alma me aprisionam. Trago-te comigo em cada suspiro, Na curva triste dos lábios que senti. És o tormento divino que respiro, A dor sagrada que me prende a ti. Nas noites longas, quando o mundo dorme, Acordo a procurar-te no lençol, E encontro apenas o vazio enorme Onde morreu o nosso eterno sol. Quisera esquecer-te, mas não mendigo, Estás em mim como o mar na areia, Como a tempestade traz consigo A destruição que ao mesmo tempo vagueia. Sofro por ti com volúpia dolorosa, Neste martírio que me faz viver, Sou a tua escrava, tua virtuosa, Condenada a amar-te até morrer. Marilândia

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

COSTURANDO 5 DE DEZEMBRO

“Da felicidade que, a duras penas conquistamos” Jô Tauil _____________________________ Resta o sabor amargo de tantas cicatrizes, E nas mãos feridas que ao céu erguemos Guardamos a memória de antigas diretrizes. Quantas noites de pranto, quantos dias vazios, Até que enfim raiasse a luz do contentamento! Atravessamos desertos, suportamos os frios, Por um instante breve de doce alento. E agora que a tenho, trêmula entre os dedos, Esta alegria frágil que tanto custou, Sinto que se desfaz como antigos segredos, E já temo a dor do que me conquistou. Porque a felicidade que se arranca à vida Com unhas e com sangue, com desespero, Traz sempre a sombra escura de ser perdida, E o coração que a guarda nunca é sincero. Mas ainda assim a quero, mesmo que me fuja, Mesmo que seja efêmera como estrela cadente, Pois na luta feroz onde a alma se empurra, Aprendi que viver é sangrar eternamente. Marilândia

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 4 DE DEZEMBRO

“Você é meu ponto de chegada” Jô Tauil _____________________________ O porto onde minha alma quer repousar; Depois de tanto errar por essa estrada, É em ti que encontro o meu lugar. Cruzo desertos, noites de agonia, Bebo o fel das dores mais cruéis; Vago perdida, sem ter companhia, Nos labirintos dos meus próprios véus. Mas és tu o farol na escuridão, A luz distante que me faz seguir; E cada batida do meu coração Sussurra teu nome ao porvir. Não busco mais caminhos ou quimeras, Nem sonhos vãos que o vento há de levar; Chegas tu, e todas as primaveras Desabrocham em mim neste lugar. És o silêncio após toda a tormenta, O lar, o fim, a paz que sempre quero; Em ti minha alma inquieta se contenta— És meu porto, meu destino, minha cicatriz. Marilândia

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 3 DEZEMBRO

“Romântica e imortal, calorosa e transbordante de amor!” Jô Tauil _____________________________ Trago n’alma o incêndio de mil sóis ardentes, E nos lábios o grito das almas sofredores, Que buscam no infinito os sonhos persistentes. Sou a febre, o delírio, a chama que consome, O pranto que se esconde sob o riso fingido, Sou aquela que ama sem que nada me dome, E que morre de amor por tudo que há perdido. Nas minhas veias corre um sangue de poesia, Que se transforma em versos de paixão e dor, E cada batimento é uma nova agonia, Um gemido d’angústia, um espasmo de amor. Romântica, pois vivo de quimeras e luar, Imortal, porque o verso me eterniza a vida, Calorosa, qual brasa que não cessa de queimar, Transbordante duma paixão que nunca foi colhida. Sou a louca, a sonhadora, a incompreendida, Que se entrega sem medo ao abismo da paixão, E mesmo despedaçada, mesmo combatida, Sigo amando com toda a força do coração. Que importa se me ferem, se me fazem sangrar? Eu renasço das cinzas como a fênix altiva, Pois enquanto houver um verso para eu criar, Minha alma romântica permanecerá viva. Marilândia

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

COSTURANDO DIA 1 DE DEZEMBRO

“Ainda continuo rabiscando versos de amor” Jô Tauil _________________________ Em noites de luar que sangram solidão, Onde a pena rasga o papel com fervor E cada palavra é feita de paixão. Ainda continuo a escrever sem cessar Nos cadernos gastos da minha dor secreta, Enquanto a alma insiste em delirar Na busca de um sonho que nunca se completa. Escrevo teu nome em versos de saudade, Na tinta do pranto que ninguém enxerga, Buscando na rima alguma claridade Que esta chama ardente em mim não se alberga. Rabisco em vão palavras de desejo, Traçando no verso meu tormento antigo, E em cada linha o teu amor eu vejo, Mesmo sabendo que não estás comigo. Continuo assim, poeta e condenada, Escrevendo ao vento minha sina louca, Pois esta paixão que nunca foi saciada Arde eternamente e nunca se esgota. Marilândia

COSTURANDO DIA 2 DE DEZEMBRO

“E mesmo antes de dares fruto eu já te amava!” Jô Tauil ____________________________ Quando eras só promessa no ventre do tempo, Semente adormecida que minha alma guardava No silêncio profundo do meu pensamento. Amei-te antes do sol, antes da aurora clara, Antes de haver palavras para dizer teu nome, Quando eras só desejo, chama que não se apaga, Fogo secreto e doce que eternamente me consome. Sonhei-te nos caminhos que ainda não trilhara, Nas noites de saudade de um bem que não perdi, Em cada estrela morta que nos céus brilhara, Em cada verso triste que por ti já escrevi. Meu coração sabia, mesmo sem te conhecer, Que havias de chegar trazendo a primavera, Com teu perfume antigo de um impossível viver, Como quem traz consigo toda a luz duma quimera. E se hoje te amo é porque sempre te amei, Desde antes de existires, desde sempre, meu amor, Nos sonhos que teci, nas lágrimas que chorei, Na espera indolente de tão imenso esplendor. Marilândia