"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
sábado, 16 de agosto de 2025
3 VERSÕES DE ECOS (MUDAR TÍTULO)
Ecos da Última Noite ■
Quatro versões inspiradas em Florbela Espanca
Versão I – Poema Rimado
Fica… não partas já, visão querida,
Retarda o voo triste da partida;
Escuta em mim a febre em que deliro,
O meu silêncio que só a ti respiro.
Sou a donzela das sombras caladas,
A que vagueia em noites encantadas,
Com o coração nas mãos, feito saudade,
Pedindo ao tempo um resto de eternidade.
Não deixes que me apague o teu olhar,
Nem que o vento me leve sem sonhar;
Teu amor foi meu cárcere e meu mar,
Foi ferida e flor, mistério a me embalar.
Espera… espera… ó sombra do meu ser,
Pois sem ti já não posso amanhecer;
E se partires, levas-me contigo,
Que sem teu rosto não sei mais viver.
Versão II – Prosa Poética
Fica… não vás ainda. Retém por um instante a sombra do teu corpo junto ao meu. O
tempo corre como um rio inclemente, mas eu suplico ao destino um minuto mais, um
segundo que seja, para respirar em ti a vida que me resta.
Sou a donzela das horas caladas, a que se perdeu entre sonhos e mágoas, a que trouxe
nos olhos um mar de eternidade e ficou prisioneira da lembrança do teu abraço.
Não deixes que a noite me devore sem teu olhar. Teu amor foi minha cela e minha
liberdade, minha ferida aberta e meu bálsamo secreto. Nele me afoguei e nele aprendi a
existir.
Espera… espera, sombra que me sustenta, porque para além de mim já não há nada. Separtires, levas o sopro do meu ser, e o mundo ficará vazio de todos os sóis. Não me
deixes sozinha diante do silêncio: leva-me contigo, se fores, pois sem teu rosto já não sei
viver.
Versão III – Soneto Clássico
Detém-te, sombra, à beira do meu pranto,
Não vás deixar-me só na noite fria;
Em teu silêncio mora a melodia
Que sustenta meu peito em desencanto.
Teu passo ausente é dor que já levanto,
É nau perdida em mares de agonia;
Se fores, levas toda a luz do dia,
Se ficas, guardo em mim teu vulto santo.
Amor que foi prisão e liberdade,
Ferida e flor, tormento e claridade,
Em mim deixou o selo de teu mundo.
Espera… espera… ó sombra, és meu destino,
Sem ti não há começo nem caminho,
E nunca mais me encontro no profundo.
Versão IV – Versos Livres
Não vás ainda.
A noite mal começou a doer
e já sinto em meus ombros
o peso do teu silêncio.
Fica.
Escuta o rumor dos meus passos
perdidos no vazio da casa,
o coração que chama o teu nome
como quem chama por ar.
Teu amor me partiu
e ao mesmo tempo me costurou,
foi cárcere e liberdade,
foi sombra e clarão.
Se partires agora,
levarás contigo
o último pedaço de mundoque ainda reconheço.
Espera…
não retires de mim o horizonte.
Sem ti, não há madrugada,
nem palavra,
nem eco.
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