"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
segunda-feira, 2 de junho de 2025
Tarde Vazia
Tarde Vazia
Na luz morta da tarde vazia
Flutua sem destino a alma fria,
Quase sem ter de que se queixar
Vê as sombras se alongar,
Como um barco à deriva,
Sente-se apenas viva
Das horas que vão passando
Seu ser vago carregando.
Mais do que isto? Porventura?
Tudo quanto a vista procura
O pensamento alcança, o tato sente,
A razão vagamente mente,
É inútil que se sentisse,
Que se tocasse ou se pensasse.
Entre os muros da cidade
Cresce, na tarde de saudade,
Só o silêncio esquecido,
Ao passar vago e perdido
Da vida deixada em vão
A alma vai, sem direção.
Ninguém. Só eu e o mistério
Do tempo e do cemitério
Que das ruas causa frio.
Nada. Só a tarde inerte
Só a esperança incerta
De sentir sem compreender
E sem motivo morrer.
Lenta memória, vazia.
Tempo indo como a agonia,
Tarde como um poço fundo,
E a tristeza de tudo.
Deito-me, e a tarde cala.
Fala-me o que a luz escala
Dos telhados à minha dor,
Como um eco sem sabor.
Ninguém; a tarde e o vazio.
Nada; nem mesmo o hastio.
Venha a noite, ou parta o sol
Suba no celeste anzol
A lua ou não suba mais,
Só sempre os tédios iguais
E as horas, tragam o sono,
Como o tempo em abandono,
De vespertina substância,
Com lenta, vaga constância.
O mal é ter esperança.
Marilândia
Responder, Responder a t
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