"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
terça-feira, 3 de junho de 2025
COSTURANDO 3 DE JUNHO
“Nessa viagem em que nunca se sai do cais...”
Jô Tauil
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As ondas quebram contra o peito fechado,
e eu te procuro entre navios fantasmas
que partem sem levar nossa bagagem.
O mar é uma ferida aberta no horizonte,
sangrando quimeras e ilusões sobre as pedras,
enquanto os gaivotas gritam teu nome
em línguas que só o vento compreende.
Tuas mãos são portos onde eu ancoro,
teus olhos, faróis na escuridão do tempo,
mas agora navego em círculos vazios,
marinheiro de um só cais, de uma só sombra.
As amarras que nos prendem se rompem
como versos escritos na areia molhada,
e cada maré leva um pedaço nosso
para o fosso onde dormem os naufrágios.
Nessa viagem em que nunca se sai do cais,
aprendi que o amor é uma embarcação
que parte e retorna ao mesmo lugar,
carregada de memórias e silêncio amargo.
Os guindastes suspendem minha solidão
como containers cheios de ausência,
e o apito dos navios ecoa no peito
a mesma canção que cantavas ao partir.
Fico aqui, entre cordas e mastros quebrados,
esperando que tua voz corte a neblina,
nessa viagem em que nunca se sai do cais,
onde o amor é porto e também deriva.
Marilândia
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