"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
sábado, 12 de abril de 2025
O Silêncio e o Grito
O Silêncio e o Grito
No espaço entre o silêncio e o grito
habita toda a história da humanidade,
como um pêndulo entre a noite estrelada
e o vulcão que desperta faminto.
O silêncio é um lago congelado
onde dormem peixes de prata e memória.
É um manuscrito enterrado na areia,
um teatro abandonado após o último ato.
Mas o grito! O grito é um pássaro em chamas
que atravessa o céu como um cometa rebelde.
É o martelo que rompe as correntes do tempo,
a flecha que rasga o véu da in_diferença.
O silêncio é a catedral vazia
onde ecoam passos de fantasmas antigos.
O grito é o relâmpago que divide o céu em dois,
a onda furiosa que engole cidades inteiras.
Entre eles, nós dançamos como equilibristas,
em uma corda estendida sobre o abismo.
Somos sementes que hesitam entre
a escuridão da terra e a violência do brotar.
Há silêncios que pesam como montanhas de chumbo,
há gritos que libertam como pássaros enjaulados.
Há silêncios que são punhais in_visíveis,
há gritos que são nascimentos dolorosos.
Dizem que ao morrer escutamos um silêncio absoluto
ou talvez um grito primordial que nos devolve à origem.
Somos feitos da mesma matéria dos dois:
poeira de estrelas que explodiu em música.
O poeta caminha na fronteira perigosa,
colhendo silêncios como orquídeas raras,
cultivando gritos como vinhas selvagens,
embriagando-se no vinho desta contradição e_terna.
Marilândia
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