"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
sexta-feira, 18 de abril de 2025
Entre Hosanas e o Silêncio
Entre Hosanas e o Silêncio
No templo dourado das horas suspensas,
Onde o incenso se eleva em espirais sutis,
Hosanas ressoam por abóbadas imensas,
E logo se desfazem, fugazes, gentis.
A glória do Eterno, vestida de luz,
Atravessa vitrais em policrômico fulgor.
Mas é no silêncio que o espírito conduz
À verdade escondida, ao mais puro amor.
Entre o clamor e a pausa, habita o sagrado,
No intervalo secreto de um hálito e outro.
O divino se mostra, velado e revelado,
Na fronteira onde o verbo se faz ouro.
Os salmos cantados por vozes mortais
Ascendem como pombas ao céu infinito.
Mas quando se calam os ecos corais,
É no silêncio que Deus deixa seu escrito.
Hosanas celebram o visível esplendor,
Pés que dançam, mãos que se erguem em prece.
O silêncio contempla o invisível valor,
A chama interior que nunca se esquece.
Entre palmas e pausa, entre canto e quietude,
O sagrado caminha em passos discretos.
Na tensão do contraste, na santa amplitude,
Revelam-se aos fiéis os divinos decretos.
Bendito seja o hosana que rasga o firmamento!
Bendito o silêncio que depois permanece!
No jogo desses dois, como num sacramento,
A alma encontra o divino e nele se estabelece.
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