MENTIRAS DOURADAS
Mentiras Douradas Tuas palavras são pássaros de papel, coloridos ao vento da tarde mas que se desfazem na primeira chuva. Promessas que nunca chegam a ser sementes. Como constroem castelos as tuas mãos! Arquiteturas de areia e fumaça onde me convidaste a viver, onde deixei penduradas minhas esperanças como roupas molhadas que nunca secam. Há um teatro de sombras na tua boca onde cada sílaba é um ator disfarçado, e eu, espectador ingênuo, aplaudo quando deveria chorar. O mar da tua falsidade tem corais de açúcar que se dissolvem quando os toco. Há estrelas pintadas no teu céu falso que não iluminam nada além da própria mentira. Aprendi a arqueologia dos teus enganos: escavo sorrisos para encontrar ossos de ausência, desenterro olhares para descobrir fósseis de desprezo. Quem és tu senão um espelho quebrado que reflete apenas os fragmentos que te convêm? As flores que me deste eram de plástico, eternas em sua beleza artificial, mortas antes mesmo de nascerem. A verdade é uma árvore antiga que nunca cresceu no jardim do teu peito. Em seu lugar, plantaste videiras de ilusão que se enrolam em meu pescoço como perguntas sem resposta. Ainda assim, guardo tuas mentiras em uma caixa de vidro, como quem coleciona borboletas mortas, admirando as cores que um dia voaram antes de serem atravessadas pelo alfinete da realidade. Marilândia

0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial