"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
terça-feira, 18 de março de 2025
EVENTO DIA 20 LN- SILENCIOSO ORVALHAR
EVENTO DE LUCIA NOBRE
TEMA:A Poesia e Toda Sua Essência
AUTORA:Marilândia Marques Rollo
TÍTULO:SILENCIOSO ORVALHAR
DATA:20/03/2025
Gentilmente convidada pela nobre poetisa Lucia Nobre
SILENCIOSO ORVALHAR
A poesia vem de madrugada,
como água nascendo entre as pedras,
como orvalho silencioso que beija as pétalas
ainda antes que o sol as desperte.
Ela chega sem pedir licença,
rompe as comportas do peito
e transborda como mar inquieto
que não conhece limite nem tempo.
Sua essência é vinho destilado nas adegas do coração,
é pão que alimenta a alma faminta,
é fogo que arde sem se extinguir
nas veias de quem a respira.
A poesia são lágrimas não derramadas
que se transformam em cristais transparentes,
são suspiros aprisionados nas costelas
que buscam liberdade entre as palavras.
É vulcão adormecido que desperta
e lança lava incandescente sobre o papel,
é tempestade que se forma no horizonte do pensamento
e precipita-se em chuva de letras sobre o mundo.
Sua essência é enigma bordado em tecido de lua,
é segredo sussurrado pelo vento aos ouvidos atentos,
é pergunta que não quer resposta
mas que se multiplica em mil perguntas mais.
A poesia mora nas sombras dos objetos,
no espaço entre dois olhares,
na melodia que se forma entre dois silêncios,
no vazio que preenche todas as coisas.
Ela dança nas mãos do poeta
como pássaro que não conhece gaiola,
floresce na boca como jardim selvagem
que ninguém plantou mas todos colhem.
Sua essência é tão antiga quanto o primeiro grito,
tão jovem quanto a última palavra inventada,
é rio que corre sem cessar
levando nas águas a memória do mundo.
A poesia é espelho onde nos vemos completos,
é janela para mundos que ainda não existem,
é porta que se abre para dentro de nós mesmos
revelando labirintos que não sabíamos habitar.
Sua essência é ferida aberta que não cicatriza,
é punhal cravado no centro do tempo,
é carícia delicada nas rugas da existência,
é beijo profundo na boca da verdade.
A poesia, enfim, somos nós mesmos
traduzidos em símbolos imperfeitos,
vertidos em metáforas incompletas,
transformados em versos que tentam,
inutilmente, capturar o infinito
que pulsa em cada átomo de vida.
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