"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
domingo, 30 de março de 2025
COSTURANDO POESIA
"E o sol do ocaso, gemendo, tombou"
Jô Tauil
___________________________________
No horizonte incendiado,
desfaleceu o sol como amante exausto,
derramando seu sangue dourado
sobre o ventre do mar impassível.
Não me perguntes por que chorei
Quando o céu se vestiu de violeta e fogo.
É que morri também, a cada entardecer,
e renasci em tua memória distante.
O sol, esse eterno peregrino,
beijou as montanhas com lábios de cobre,
e sua luz, como teus dedos,
acariciou as últimas paredes do mundo.
Quantas vezes, amor, nos despedimos
sob este mesmo céu em chamas?
Nossos corpos, como sombras alongadas,
tornaram-se parte deste ritual antigo.
E,
Agora que o ocaso guardou teu nome,
e as nuvens desenharam teu rosto ausente,
Cada pôr do sol foi uma carta sem resposta,
um adeus que se prolongou na eternidade.
Mas, quando a última centelha dourada
foi engolida pela boca faminta do horizonte,
permaneci aqui, contemplando o vazio,
esperando que a noite me trouxesse teu perfume.
Porque no sol que morreu, estiveste tu,
efêmero e eterno como este momento.
E o ocaso, esse breve milagre,
Foi apenas outro nome para a saudade.
Marilândia
Nenhum comentário:
Postar um comentário