"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
domingo, 2 de março de 2025
As mesmas vozes
As mesmas vozes
Somos quinhentas vozes cantando ao vento,
quinhentas almas tecendo o mesmo firmamento.
Como um rio que se desdobra em afluentes infinitos,
nossos versos se multiplicam em ecos e gritos.
Somos a multidão de palavras que dança
nas ruas estreitas da esperança.
Cada um, uma chama pequena,
juntos, incendiamos a noite serena.
Nossos corações batem como tambores ancestrais,
nossas mãos escrevem sobre o tempo suas espirais.
Somos quinhentas raízes penetrando o solo da história,
quinhentas asas desenhando no céu a mesma trajetória.
Entre nós há o silêncio que germina,
e a palavra que como relâmpago ilumina.
Somos quinhentas maneiras de dizer te amo,
quinhentas formas de resistir ao desencanto.
Nas veias de nossa poesia corre o sangue do mundo,
nas entrelinhas habita o mistério profundo.
Somos quinhentas vertentes do mesmo mar,
onde os sonhos vêm naufragar e renascer.
A palavra, nossa única arma e ferramenta,
em nossas bocas se transforma e se reinventa.
Somos quinhentos tecelões do invisível,
tornando o abstrato em palpável, o impossível em possível.
Não procuramos a mesma voz, nem o mesmo caminho,
cada verso carrega seu próprio destino.
Somos quinhentas cicatrizes expostas ao sol,
quinhentas histórias tecidas no mesmo lençol.
Nossos poemas são pão, são vinho, são terra,
são tudo o que acalenta e o que desespera.
Somos quinhentos olhares sobre o mesmo horizonte,
quinhentas gotas formando a mesma fonte.
E quando o último de nós cair em silêncio,
outros quinhentos surgirão do princípio.
Pois a poesia é a serpente que morde a própria cauda,
é o eterno retorno que nunca se esgota nem se defrauda.
Somos quinhentos e somos apenas um,
somos todos e não somos nenhum.
Na grande teia da palavra compartilhada,
somos quinhentos fios de uma só estrada.
Marilândia
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