"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
CARNAVAL: UM MOSAICO POÉTICO
Carnaval: Um Mosaico Poético
No país do Carnaval,
o tempo suspende seu voo.
A rua não é mais rua,
é serpente colorida
que devora as tristezas
e regurgita alegrias.
As máscaras não disfarçam —
revelam.
Delírio dionisíaco nas praças,
confetes como estrelas despencadas,
serpentinas entrelaçam destinos.
O suor é perfume,
o cansaço é mentira.
Vou de mansinho na folia,
tenho sede de vida
Nos espelhos trêmulos das águas-marinhas,
o Carnaval reflete seus fantasmas dourados.
Desfila-se o tempo em cortejos
e eternidade dura apenas quatro dias.
Quem são estes que dançam?
Quem sou eu que os contemplo?
Somos todos efêmeros como as pétalas de papel
que adornam este instante.
Ó folia sublime, contradição divina!
És prece e pecado, êxtase e queda.
No teu ritmo desenfreado, baila o Brasil
como quem faz do pranto uma festa.
No teu abraço de suor e purpurina,
somos todos iguais na vertigem do samba.
Carnaval — breve eternidade,
fugaz in_finito.
Carnaval não se explica,
sente-se como uma febre,
um delírio consciente.
Entre o ser e não-ser,
escolhemos ser muitos.
A máscara não esconde, revela.
No caos ordenado dos tambores,
descubro que o avesso do silêncio
é também uma forma de verdade.
Carnaval é faca
que corta o ano em duas metades:
antes e depois.
A música é pedra
que não se gasta,
por mais que dance sobre ela
a multidão in_cansável.
O samba constrói
com a precisão de um arquiteto
catedrais de som
que se desmoronam ao amanhecer.
Marilândia
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