"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
sábado, 21 de dezembro de 2024
COSTURANDO
Diante de uma natureza em festa, que louva a Deus…”
Jô Tauil
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As folhas trêmulas conspiram
num delírio verde-elétrico,
enquanto o vento tece
suas melodias ancestrais.
Raízes pulsam sob a terra
como veias de um gigante adormecido,
e cada grão de pólen é uma estrela
caída do firmamento em festa.
As águas cantam
em línguas de cristal líquido,
derramando-se sobre pedras
que guardam memórias do tempo.
Borboletas tecem
mantos de luz fragmentada,
vestindo o ar com suas asas
de seda policromática.
Os pássaros desenham
geometrias impossíveis no céu,
seus gritos são relâmpagos
cortando o tecido do silêncio.
A seiva ferve nas artérias das árvores
como um vinho ancestral,
embriagando os insetos
que dançam sua dança mineral.
E tudo vibra, pulsa, gira
num êxtase primordial
onde cada átomo celebra
o ritual sagrado da existência.
A noite desce como um véu de brasas
sobre este festim selvagem,
e as estrelas são apenas
ecos desta dança terrestre.
No centro do caos ordenado,
a natureza celebra seu próprio mistério,
multiplicando-se em formas e cores
num delírio de vida incontida.
E nós, testemunhas atônitas,
somos também parte desta festa,
onde cada batida do coração
é um tambor na sinfonia do cosmos.
Marilândia
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