"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
A PAZ
A Paz
Hoje busco a paz como quem busca água
no deserto infinito das manhãs,
como quem procura estrelas
nas profundezas do mar negro.
A paz não vem como pomba branca,
nem desce suave como orvalho na relva.
Ela nasce das mãos calejadas dos homens simples,
do sorriso das crianças nas praças vazias,
do pão partido e compartilhado nas mesas de madeira.
A paz é uma semente rebelde
que brota entre as rachaduras do concreto,
que resiste ao vento norte e às tempestades,
que floresce mesmo quando o mundo
insiste em plantar muros e cercas de arame.
Eu a encontro no silêncio das bibliotecas,
no abraço dos amantes sob árvores antigas,
no olhar cansado dos velhos que ainda sonham,
nas mãos unidas dos que marcham
contra a noite e seus fantasmas.
A paz não é ausência,
é presença viva e pulsante
como o coração da terra
que ainda bate sob nossos pés descalços,
como o sangue que corre em nossas veias
carregando memórias de todos os que vieram antes.
Hoje eu a chamo pelo nome
como quem chama uma antiga amiga,
e ela responde com o murmúrio do vento
nas folhas das oliveiras,
com o riso das crianças que ainda não conhecem
o peso das palavras guerra e ódio.
A paz é esta hora azul
entre o sonho e o despertar,
quando todas as possibilidades dormem
no horizonte como pássaros aguardando
o primeiro raio de sol para alçar voo.
MARILÂNDIA
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