VÃO ORGULHO // FRÍVOLA SOBERBA

Poema de Florbela Espanca com dueto de Marilândia Marques Rollo VÃO ORGULHO// FRÍVOLA SOBERBA Neste mundo vaidoso o amor é nada,// Pois só faz chorar o peito enamorado... É um orgulho a mais, outra vaidade,// Dos mais enlouquecidos desvarios embebidos, A coroa de loiros desfolhada// Tais prêmios perfulgentes e desconhecidos, Com que se espera a Imortalidade.// Desnudando o enredo cadente e despudorado! Ser Beatriz! Natércia! Irrealidade...// É que eu olho para mim mesma! Mentira... Engano de alma desvairada...// Fantasia... Falsidade de espectro compulsivo! Onde está desses braços a verdade,// Tragando o in_definido erro possessivo, Essa fogueira em cinzas apagada?...// Quais labaredas exasperadas numa quaresma! Mentira! Não te quis ... não me quiseste,// Patranha! Não te afaguei...não me afagaste, Eflúvios subtis dum bem celeste?// Aromas enternecidos e divinais? Gestos... . palavras sem nenhum condão.// Acenos... . movimentos impetuosos. emocionais. Mentira! Não fui tua ... não! Somente...// Panacéia! Vã, mera ilusão apenas! Quis ser mais do que sou, mais do que gente,// Quiçá mergulhada num campo de açucenas, No alto orgulho de o ter sido em vão! ...// No irresistível ápice de um contraste! Florbela Espanca// Marilândia Marques Rollo