"A POESIA EXPRESSA IDEIAS E EMOÇÕES, MAS NUNCA DE MANEIRA CLARA, PARA , ATRAVÉS DO MISTÉRIO E DO ENIGMA, ATIVAR A IMAGINAÇÃO DO LEITOR."
sábado, 28 de novembro de 2020
SEM REMÉDIO// DOENÇA MACABRA
SEM REMÉDIO// DOENÇA MACABRA
Aqueles que me têm muito amor// Nos meus olhos vislumbram os desafogos
Não sabem o que sinto e o que sou...// Terna, cruel e sonhadora (im) previsivelmente!
Não sabem que passou, um dia, a Dor// No éter, nos róseos e áureos rogos
À minha porta e, nesse dia, entrou.// Com a chama ideal a sorrir,galhardamente.
E é desde então que eu sinto este pavor,// Como um lago em que a alma vejo ao avesso vibrar,
Este frio que anda em mim, e que gelou// Num momento singular de secreto esplendor
O que de bom me deu Nosso Senhor!// Satisfazendo angelical deslumbrar!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!// Porquanto o riso brinca no que o vento levou!
Sinto os passos de Dor, essa cadência// Na noite negra em meio à solidão
Que é já tortura infinda, que é demência!// Envolvida na infinda sofreguidão!
Que é já vontade doida de gritar!// Num misto de assombros in_sondáveis!
E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,// Sonoramente, furtivamente,ansiosamente
A mesma angústia funda, sem remédio,// Qual a ponta de maldita exaustão inclemente,
Andando atrás de mim, sem me largar!// Peregrinando qual sombra fúnebre, silenciosamente!
Florbela Espanca// Marilândia Marques Rollo
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